TVA

tv.gif (1047 bytes)  Televisão de Amador  tv.gif (1047 bytes)

 

TVA em Sintra

Caros Colegas!

    Desde há algum tempo, que a actividade TVA tem vindo a despertar o interesse e a curiosidade de muitos Rádioamadores, não só no resto do mundo mas também em Portugal. Prova disso é o que vamos descrever neste artigo…

    Ao que julgo saber os pioneiros em Portugal, foram uns colegas Amadores na região de Aveiro que nos finais de 89 começaram as primeiras experiências em TVA na Banda de 1,2 Ghz. Algum tempo mais tarde, um grupo de colegas na região de Sintra, começaram também os seus primeiros testes. Depois de várias experiências, nasceu a ideia da construção de um repetidor de televisão para Amadores, passado a prática o objectivo foi conseguido. Licenciado para a L.A.R.S. (Liga de Amadores Rádio de Sintra), este repetidor foi colocado ao serviço em 29 de Maio de 1995, sendo o primeiro repetidor de TVA instalado legalmente autorizado com o indicativo CT0TSI. Potência aproximada de 10W, tem como frequência de entrada 1248 MHz e saída 1284 MHz polarização vertical. Está localizado na Serra de Sintra a uma altitude de 495m, cobre uma vasta area do distrito de Lisboa tendo o mesmo já sido visto em boas condições muito para além desta região. Contém actualmente uma função interactiva, permitindo por DTMF às estações que o utilizam alterar parâmetros como potência, tempo das miras, etc…

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    Foi com base neste projecto e em outros semelhantes, que a banda de 1,2 GHz (embora atribuida com estatuto secundário pelo ICP), tem vindo a crescer em número de adeptos e despertando o enorme interesse por esta actividade. Prova disso são algumas experiências feitas por colegas da região de Sintra.

    Uma das primeiras experiências a longa distância em 1248Mhz para o repetidor, foi conseguida por mim em Agosto de 97, que da Serra de São Mamede (Portalegre) com cerca de 15W de potência coloquei uma imagem quase perfeita, permitindo assim que colegas sintonizados nesse repetidor pudessem ver e ouvir tudo aquilo que se passava a uma distância de 180 Km aproximadamente.

 

    Mais tarde e também com a mesma carolice, o colega CT1ECE (João Carrola) em 10 de Jun/98 na tentativa de desfazer o feito conseguido pela mim, pegou na sua troucha e foi para a Serra da Estrela. Depois de tudo devidamente instalado e testado, só seria necessário ligar o botão… Na mesma manhã uma segunda equipa preparava-se para poder receber imagens vindas de um local a 235 Km. Conforme se subia a Serra de Sintra até ao Castelo dos Mouros, crescia também a expectativa dos elementos que compunham essa mesma equipa, eu próprio e o CT5GRH (Nuno Martins) que deu a sua preciosa colaboração carregando uma bateria de 12V 65Ah até à torre mais alta do Castelo… Equipamento montado, tudo pronto para receber a Estrela. Nem queriamos acreditar! Uma imagem perfeita! Pudemos deste modo ver e ouvir em tempo real o que se passava no ponto mais alto de Portugal continental.

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    Entre outros, estes foram alguns dos ensaios feitos no terreno em 1,2Ghz. Mas, enquanto decorriam estas experiências, CT1CEH (Arménio Ferreira), CT1DDN (Luis Tomás) e CT1ESL (Vitor Christo), faziam já testes em laboratório em outra banda de frequência, 10Ghz .

    Os primeiros ensaios em 10Ghz limitavam-se apenas a poucos kilómetros, exemplos como de São Marcos para o Cacém , Serra de Sintra para o Cacém, Serra do Socorro (Torres Vedras) para a Serra de Sintra entre outras. Mas depressa se reparou que com um certo jeito e habilidade poder-se-iam atingir distâncias bem maiores.

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    Em 28 de Jun/98, um colega disponibilizou-se para ir para a Serra dos Candeeiros enviar imagens para a Serra da Arrábida em 10 Ghz, quem poderia ser?… o CT1DDN. Embora o restante grupo não acreditasse muito nos resultados, lá foi o pessoal a caminho levando todo o tipo de material e mais algum, sim pois, porque "quem vai para a serra…". Estavam presentes nesse dia na Arrábida os colegas CT1ESL, CT2GVC, CT2FZC e CT5GRH. Fizeram-se os primeiros ensaios em 1,2 Ghz cujo o resultado não poderia ser melhor. E os 10Ghz??? Preparado o material para a recepção em 10.340Ghz, e algum tempo para ajuste das parábolas, por fim conseguimos receber um espanto de imagem, com cor e definição de fazer inveja a qualquer estação profissional de TV (hi, hi, hi…).

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    Impressionante o que um diodo gunn de 10mW num "prato" de 40 cm pode fazer, um perfeito feixe herteziano com cerca de 100Km. Parabéns CT1DDN…

    Também foi conseguido um Link por mim e CT1DDN em 5 Out/98, a partir da Azambuja para Sintra através de Montejunto, permitindo deste modo que imagens de um local paradisíaco junto ao Palácio da Azambuja pudessem ser vistas na região de Lisboa via CT0TSI. Outra experiência foi também conseguida da Serra da Arrábida para a Serra de Sintra, esta última pelo colega CT2GVC (Fernando Casaca). Bonitas imagens do Parque Natural da Arrábida foram observadas por mim próprio e CT5GRH em Sta. Eufémia.

 

    É claro que nem tudo correu bem em 10 Ghz, ouve outros planos que não resultaram embora tivessem sido pensados antes de se seguir para o terreno, como por exemplo: Montemor-o-Novo – Serra de Sintra em Jan/98, Serra da Estrela – Serra de Arrábida em Jul/98. Mas a ideia e força de vontade que impera neste grupo é superior a qualquer contratempo que possa ocorrer

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    No "41º Jamboree no Ar", realizado em Out/98, envolvendo esforços humanos e materiais, criou-se algo que julgo inédito em Portugal, utilizando-se antenas directivas para 1,2Ghz, parábolas de 40cm para os 10 Ghz e emissores para as respectivas bandas, interligaram-se dois agrupamentos. O agrupamento de Mira Sintra (CT7AMS) com um outro agrupamento (CT7JRL), este último localizado na Serafina (Lisboa), com a colaboração preciosa do colega CT1EHL (Manuel Casimiro). Não foi fácil, acreditem! Visto que este agrupamento na Serafina se encontrava numa zona de sombra para o repetidor de TVA de Sintra. Vários ensaios foram feitos, mas era obrigatório vencer todo aquele maciço chamado Monsanto. Depois de algum estudo, chegou-se a conclusão que era necessário definir um terceiro local que garantisse a ligação sem obstáculos. O sítio escolhido para assegurar as comunicações foi o Cristo Rei. Destacada uma equipa para o local, montado o respectivo equipamento, algum tempo para testes e afinações e estava criado um admirável link, em que ambos os grupos não só puderam comunicar pelos clássicos meios, mas também por televisão. E podem crer que foi um verdadeiro sucesso…

    Caros colegas, acreditem que tudo isto só aconteceu com muito esforço, carolice, dedicação e sempre presente o espírito de aventura e inter-ajuda, que mais uma vez prova no terreno tudo aquilo que há de mais salutar no Rádioamadorismo.

    Já reparou de certo que numa das fotos deste artigo, há uma que está titulada do seguinte modo "O Gang do Tijolo". Embora um tijolo aparentemente nada tenha a ver com a actividade Rádioamadoristica, o curioso é que este estranho objecto também ajudou na descoberta e resolução de problemas… Num próximo artigo abordaremos a história!

 

Carlos Freitas

CT1FZC