PONHA AQUI O SEU PEZINHO
Dó Sol
ponha aqui o seu pezinho
devagar, devagarinho
Dó
Se vai á ribeira grande
Sol
Eu tenho uma carta escrita
para ti cara bonita
Dó
não tenho por quem na mande.
Eu nasci à sexta-feira
com barba e cabeleira
mais parecia um anti-Cristo
que até o senhor padre cura
que é um homem de sabedura
nunca tal houvera visto.
Eu fui de Lisboa a Sintra
à casa da tia Jacinta
p'ra me fazer uns calções
mas a pobre criatura
esqueceu-se da abertura
para as minhas precisões.
Refrão
Eu fui à beira da rocha
sapato e uma galocha
ver se o mar estava manso.
Encontrei uma garoupa
toda enrolada em roupa
a dormir o seu descanso.
Eu fui até Vila Franca
encanchado numa tranca
à morte de uma galinha
o que ela tinha no papo
sete cães eum macaco
e um soldado da marinha.
Refrão
Fui-me casar às Capelas
por ser manco das canelas
c'uma mulher sem nariz.
Esta gente das Fajãs
já me deram parabéns
p'lo casamento que eu fiz.
Toda a moça que é bonita
que ela chora que ela grita
nunca houvera de nascer.
É como a maçã madura
da quinta do padre cura
todos a querem comer.
Refrão
Minha sogra que é uma raia
mora na Lomba da Maia
mesmo em frente ao meu jardim.
A todos chama canalha
antes a língua lhe caia
do que ela me chame a mim.
A filha da tia torta
que não entra, fica à porta
foi ter comigo ao jardim.
Atirei-lhe uma palanca
acertei-lhe certo na anca
salta burra p'ro caminho.
Refrão
Eu fui a Água de Pau
ver se o vinho não era mau
sete vezes molhei o bico.
Diz-me lá tia Marta
se não foi nesta' freguesia
que a porca furou o pico.
Eu subi às Cumieiras
plantei umas figueiras
para figos apanhar.
Para fazer uma boda
com a minha gente toda
no dia em que me casar.
Refrão
Minha sogra tem-me reixa
e de mim foi fazer queixa
à Vila da Povoação
por eu ter chamado à filha
papo seco de serrilha
bom petisco da manhã.