A RADIOTELEFONIA, E A INVENÇÃO DA RADIODIFUSÃO

Pelo ano de 1920 surgiu, inventada por um Radioamador Americano, a chamada "Radiodifusão", com a transmissão "Radiotelefónica" de discos, de concertos, de conferências e de notícias - e o Amador de T.S.F., agora já "Telefonia Sem Fios", tanto passou a dedicar-se à emissão radioteleqráfica e radiotelefónica, como, e sobretudo, à construção de aparelhos receptores, que tornassem possível a audição das mais famosas composições musicais, ou a escuta dos, mais importantes noticiários...

Acompanhando esta evolução, funda-se no nosso País a primeira Revista Portuguesa exclusivamente da especialidade, e assim surgem, em publicação semanal , com Redacção e Administração na Rua de Santa Marta, 80 1.º, em Lisboa, o Semanário intitulado ''T.S.F. em Portugal''.

As livrarias começam a anunciar trabalhos portugueses e estrangeiros sobre T.S.F., e entre tais editoras se destaca a "Parceria António Maria Pereira", publicando em 1925, por exemplo, um trabalho do mesmo Engenheiro Luís de Sequeira Oliva Júnior, intitulado "A Telefonia e a Telegrafia Sem Fios para o Amador", ou "Tratado de Iniciação á TSF».

Era costume, naquele tempo, as obras terem sempre dois títu1os - e a Iniciação à T.S.F., publicada em 1925, em abundante edição, logo se esgotava e voltava a publicar, em segunda edição, em 1929...

Na capa desta obra, uma interessante gravura representava senhoras e cavalheiros, escutando um antigo receptor, de lâmpadas exteriores, e de alto-falante de corneta, em traje de rigor, e com expressões que bem traduzem o interesse e a fascinação que então representava para o Amador a audição da T.S.F. - em 1924.

Em tal obra se anunciavam, quer as lâmpadas de T.S.F. representadas pela ''Rádio Lisboa'', da Rua Serpa Pinto, 7, quer as então mais importantes obras estrangeiras da especialidade, à venda na "Parceria António Maria Pereira'', tais como as de Hermardinquer, Clavier, Duroquier, Abbe, Moreaux, Armstrong, Gutton, Branqer, Veaux, Santoni, e tantos outros...

Cresce entre nós o entusiasmo pelo "Senfilismo", e, sobretudo, pela "Telefonia Sem Fios" - e funda-se em Lisboa uma Associação Científica, denominada "Rádio Academia"

A Radiodifusão passa a constituir a principal preocupação dos Amadores Portugueses, e geram-se profundas dissidências no seio desta histórica "Rádio Academia'', que culminam numa Assembleia Geral Extraordinária, em 30 de Junho de 1925, em que os dissidentes "Gritavam a plenos pulmões'' - como mais tarde se escreveu numa Revista -"Dissolva-se isto, e garantimos que a Radiodifusão será estabelecida em 48 horas"...

Dissolveu-se a ''Rádio Academia'', e constituiu-se uma nova Associação, denominada ''Sociedade Portuguesa dos Amadores de T.S.F.''... mas parece que os seus resultados também não foram imediatos

Voltemos, porém, agora, primeiro à invenção da ''Radiodifusão'' e suas repercussões, e, de seguida, à história da primeira Estação de Amador do Continente Português, que foi a do Sr. José Joaquim de Sousa Dias Melo - hoje CT1AB.

(c) A.R.A.S.