À MARINHA DE GUERRA PORTUGUESATORNA-SE NECESSÁRIA, EM 1915,
A SUSPENSÃO DA T.S.F. DOS AMADORES
Desde 14 de Maio de 1915 que uma das mais
importantes e enérgicas figuras da Marinha de Guerra Portuguesa era constituída
pelo Capitão-de-Fragata Comandante Jaime Daniel Leote
do Rêgo, um dos mais entusiásticos defensores do auxílio de Portugal à
Grã-Bretanha em 1915, e um dos organizadores dos Serviços de Contra-Espionagem
Portuguesa.
Em
Junho de 1915, e por solicitação do Governo de Sua Majestade Britânica –
segundo tudo vem pormenorizadamente relatado na monumental obra do Sr. General
Ferreira Martins, “ Portugal na Grande Guerra “, - “ os nossos navios começaram
a ser empregados em serviço de vigilância do submarinos alemães na costa, para
impedir que eles comunicassem com quaisquer embarcações “, tornando-se portanto
absolutamente essêncial o mais absoluto sigilo sobre
as comunicações dos navios da Armada Portuguesa pela T.S.F.
No
mês seguinte por Portaria de 5 de Julho de 1915, foi por sua vez criada a ”
Divisão Naval de Defesa e Instrução “, inicialmente composta pelo Cruzador-Couraçado “ Vasco da Gama “ e por outras unidades,
entre as quais o submersível “ Espadarte “.
A “
Divisão “ era comandada pelo referido Sr. Capitão Leote
do Rego – que içava o respectivo distintivo de Comandante a bordo do Couraçado “ Vasco da
Gama “ e que assim assumia a responsabilidade da chefia das manobras da Marinha
Portuguesa.
Em fins de Julho de 1915
realizavam-se Exercícios Navais – preparatórios de uma possível intervenção de
Portugal na Grande Guerra – e mais uma vez se constatava a
importância da supressão, na medida do possível, de todas e
quaisquer fontes de indiscrição, sobre as comunicações realizadas entre a
Marinha e o Posto do Arsenal pela T.S.F.
E
foi assim que surgiu a acção, pessoalmente dirigida pelo Sr. Comandante Leote do Rêgo, no sentido da apreensão de todos os
aparelhos de T.S.F. de Lisboa no dia 29 de Julho de 1915, antes da entrada de
Portugal na Grande Guerra.
De facto, em sensacional notícia publicada
na edição da noite do jornal “O Século “
de 29 de Julho de 1915, era tornada conhecida a “ descoberta de uma estação
clandestina de T.S.F. , numa casa da
Calçada do Combro “.
E, na edição da manhã do dia seguinte,
30de Julho, o mesmo importante diário relatava com mais amplos pormenores os
acontecimentos do dia anterior, sob o título: “ T.S.F. – Descobre-se uma
estação rudimentar, numa casa de Calçada do Combro – As autoridades prendem
quatro rapazes, apreendem os aparelhos, e arriam as antenas ! “
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