70 Anos de Radioamadorismo Nacional

Encontra-se por escrever, ainda, a História do Radioamadorismo Nacional, e, apesar de à sua investigação me vir dedicando, não poderia, como é óbvio, confinar nos escassos limites de um simples artigo todos os significativos e patrióticos acontecimentos que integram uma narrativa pormenorizada do progresso do Radioamadorismo em Portugal.

No entanto, e sem pretensões de procurar descrever própriamente, a história da rádio no nosso País, não quero deixar de reunir, ainda que num breve resumo, alguns apontamentos.

O Radioamadorismo Nacional surgiu, como é do conhecimento geral, em consequência do progresso das comunicações de Telegrafia sem Fios (T.S.F.), verificado em todos os países civilizados, e sobretudo na Itália, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos da América do Norte, França e Rússia nos principios deste século.

Dois acontecimentos dramáticos tiveram, porém, uma importância decisiva, e de natureza psicológica, na determinação de todos os Governos de adoptarem as mais eficazes medidas na instalação da T.S.F. para as comunicações entre a costa e os navios no alto-mar, e para as comunicações dos mesmos entre si.

Com efeito, ainda hoje se recorda a importância que a T.S.F. assumiu no salvamento de vidas, quando donaufrágio do "Titanic", em abril de 1912, e do "Volturno" em Outubro de 1913.

No primeiro caso ficou a dever-se à Telegrafia Sem Fios o salvamento de mais de 700 vidas, e no segundo salvaram-se, graças a ela, quase 500 pessoas.

Conforme refere o Prof. R.J. de Darkness, no vol. 2º do seu "Manual de Rádio", publicado em Barcelona em 1912 - se bem que não fosse o primeiro caso de salvamento de vidas em sinistro maritimo - comoveu profundamente a opinião pública, e induziu os Governos dos diversos países a tomarem as máximas medidas de precaução para a salvaguarda das vidas dos passageiros no alto-mar.

Assim, não admira que o primeiro radioamador Protuguês de que conheço documentação publicada tenha sido precisamente um operador Rádio-Naval - o Sr. Alberto Carlos de Oliveira, já falecido em Lisboa, em 1953.

Este primeiro aficionado Português, no periodo dificílimo da 2ª Guerra Mundial, e com ele começou o radioamadorismo Português, documentalmente, em 1916, e logo com uma acção histórica de carácter internacional, de que não encontro segundo exemplo na história do radioamadorismo em todo o mundo: a do auxílio, por um simples radioamador, a toda uma esquadra de Guerra, e da mais famosa e potente Armada do mundo - a da poderosa Inglaterra, Rainha dos Mares...

(c) A.R.A.S.