O Alfabeto Internacional Fonético

 

Todos os que já tiveram a oportunidade de participar num Jamboree no Ar, certamente repararam que os radioamadores utilizam uma linguagem própria e que a certa altura começam a falar em Yankees, Zulus, Tangos, Hotels e não sei mais o quê, o que deixa geralmente quem assiste muito intrigado.

Será que estão a explicar a um Yankee que os Zulus estão a ter aulas de Tango no Hotel?

Nada disso…, para os menos esclarecidos com tão "estranha linguagem" aqui fica uma breve explicação sobre o assunto.

Embora a língua Inglesa seja a mais utilizada nas comunicações de amador, existem palavras que se tornam muito difíceis de compreender, imaginem por exemplo um radioamador Inglês a tentar explicar que está a transmitir de WOLVERHAMPTON ao seu colega Português.

Para facilitar a compreensão, foi criado o Alfabeto Internacional Fonético.

Fazendo corresponder a cada uma das 26 letras uma palavra universalmente conhecida por todos os radioamadores podemos transmitir qualquer mensagem, com a certeza que o nosso correspondente a recebeu correctamente.

Desta forma, soletrando pausadamente letra por letra, podemos explicar a qualquer radioamador do mundo que estamos a transmitir por exemplo desde CANTANHEDE, Charlie..Alfa..November..Tango..Alfa..November..Hotel..Echo..Delta..Echo).

O Alfabeto Internacional Fonético tem uma vasta aplicação no universo das radiocomunicações sendo também utilizado nas comunicações aeronáuticas, marítimas e militares entre outras.

A

ALFA

AL FAH

N

NOVEMBER

NO VEMM BER

B

BRAVO

BRA VO

O

OSCAR

OSS KAR

C

CHARLIE

CHAR LI

P

PAPA

PAH PAH

D

DELTA

DEL TAH

Q

QUEBEC

KE BEK

E

ECHO

EK O

R

ROMEO

RO MIO

F

FOXTROT

FOX TROTT

S

SIERRA

SI ER RAH

G

GOLF

GOLF

T

TANGO

TANG GO

H

HOTEL

HO TELL

U

UNIFORM

YOU NI FORM

I

INDIA

IN DI AH

V

VICTOR

VIK TOR

J

JULIETT

DJOU LI ETT

W

WHISKEY

OUISS KI

K

KILO

KI LO

X

X-RAY

EKSS REI

L

LIMA

LI MAH

Y

YANKEE

YANG KI

M

MIKE

MA IK

Z

ZOULOU

ZOU LOU

As sílabas acentuadas estão em Bold

Para todos os que são verdadeiramente "curiosos", aqui vai um pouco da história do Alfabeto Internacional Fonético.

Antes da II Guerra Mundial não existia um alfabeto fonético comum, excepto para uso militar embora cada serviço tivesse o seu, o que como se pode calcular gerava uma grande confusão. Em 1941 com a eminência da entrada dos EUA no conflito, tornou-se óbvio que era necessario encontrar um alfabeto comum, que viesse a permitir um entendimento concertado no campo de batalha.

Embora fosse grande a rivalidade entre os diversos serviços, e depois de várias tentativas sem sucesso de conciliar as ideias de todos os intervenientes, foi tomada uma decisão drástica.

Convidados os responsáveis dos varios serviços para uma reunião no MIT (Instituto de Tecnologia do Massachusetts), uma vez no local foram reunidos numa enorme sala com grandes quadros, imensos lápis, resmas de papel e um dicionário por pessoa, sendo-lhes comunicado que seriam servidas três refeições diárias e que a porta da sala estaria fechada durante os restantes períodos, bem como não seria permitida a saida de ninguém enquanto não fosse adoptado um alfabeto aceite por cada serviço!

O tempo que isto levou a resolver não temos conhecimento, no entanto esta decisão, levou ao aparecimento do Alfabeto Fonético JAN (Joint Army/Navy), com que os Estados Unidos da América entraram na IIª Guerra Mundial.

Este alfabeto embora não fosse perfeito, pois existiam de facto algumas dificuldades de compreensão de várias letras por parte de alguns Exercitos Aliados, foi sem dúvida de grande utilidade para as comunicações militares.

Depois de terminada a Guerra, houve tempo suficiente para absorver os ensinamentos adquiridos e fazer um alfabeto melhor.

No entanto nenhum teve sucesso até que entrou em campo a ICAO (Organização Internacional da Aviação Comercial), que necessitava de adoptar um alfabeto para utilização nas comunicações da emergente indústria Aeronáutica e criou o seu próprio alfabeto fonético.

O alfabeto fonético que hoje conhecemos foi adoptado pela ITU (Organização Internacional das Telecomunicações), organismo onde são elaborados os regulamentos Internacionais das Radiocomunicações.

Embora o alfabeto não seja perfeito, funciona…e constitui uma ferramenta inquestionável nas comunicações por voz, sendo utilizado nos mais variados serviços civis e militares.

Mesmo nas comunicações em FM ( Frequência Modelada) em que a qualidade do audio é geralmente muito boa, a utilização correcta do alfabeto fonético permite a detecção de qualquer erro de compreensão na transmissão de uma qualquer mensagem.


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