CT1DX EM CABO VERDE, MADEIRA E CONTINENTE

Como não existe ainda uma monografia desenvolvida sobre a História do Radioamadorismo em Portugal, não se me tornou fácil reunir um maior número de elementos sobre o começo das actividades de CT1DX.

Alberto Carlos de Oliveira começou suas emissões em Cabo Verde, pouco antes de 1914, com um emissor telegráfico de amador, com oscilador de faísca, realizando inúmeras comunicações com navios no alto-mar.

O seu indicativo era então diverso do que depois teve na Madeira e no Continente, e ignoro qual então fosse. 'Em 1929, no primeiro número de "Rádio Ciência", vinham o seu indicativo e morada: CT3CO, Caixa Postal 56, no Funchal , e no Continente foi CT1DX, até ao seu regresso à Madeira, a onde, pelo "Boletim'' da "Rede", de Maio de 19147, se verifica ter deixado a emissão, e residir no Hotel Golden Gate, no Funchal.

Sei que antes da organização da ''Rede dos Emissores Portugueses" os nossos Radioamadores utilizaram indicativos como P1, significando possivelmente Estação Portuguesa, mas; o certo é que os prefixos internacionais atribuídos a Portugal e Colónias já então eram, em 1916, CRA a CTZ.

É o que consta, por exemplo, do volume "Curso de Telegrafia Sem Fios'', publicado em Lisboa em 1916.

Os Amadores escolhiam, por vezes, indicativos com as suas iniciais, e, assim, presumo, que CT3CO fosse relacionado com "C" de Carlos e "O" de Oliveira.

Em 19114, quando deflagrou a Primeira Grande Guerra, Alberto Carlos de Oliveira passou a prestar serviço ao Estado, exercendo vigilância sobre os navios fundiados no porto de São Vicente de Cabo Verde, e estabelecendo comunicações radiotelegráficas entre o Governo e as unidades em serviço naquela Colónia.

Ao mesmo tempo, e devidamente autorizado, passou a prestar igualmente serviço à Inglaterra, transmitindo os telegramas que vinham pela cidade do Cabo, à Esquadra do Atlântico, e desta para o Almirantado Britânico de Londres, via cidade do Cabo da Boa Esperança.

Em 1917, quando era mais intensa a guerra submarina por parte da Alemanha, guerra total e sem restrições, Alberto Carlos de Oliveira, tendo conhecimento, pelo Governador, de que o telegrafista de bordo de um paquete, navio que transportava centenas de pessoas, se encontrava gravemente doente, e pedindo o mesmo Governador um voluntário para a sua substituição - foi CT1DX imediatamente expontâneo em embarcar voluntariamente para tão arriscado serviço, pois a cabina dos telegrafistas era, em 1917, o primeiro alvo das peças dos submarinos alemães...

A viagem durou primeiramente oito dias, e depois mais nove, ainda, no regresso, sempre como operador da T.S.F.

Em 1920, Alberto Carlos de Oliveira, foi transferido para o Arquipélago da Madeira, onde recomeçou seus trabalhos de Radioamador em 1925, mas já então com emissor de lâmpadas, e em ondas extra-curtas.

Realizou comunicações com os cinco Continentes, ou com os seis - à americana - e obteve assim o Diploma Internacional denominado W.A.C.

Em 1930 foi transferido para o Continente, e em Novembro de 1931 montou o respectivo emissor aqui na Metrópole, actuando durante algum tempo.

Em 1932, "verificando o estado caótico em que se encontrava o Amadorismo Continental", e "na esperança de ver promulgada a Regulamentação Oficial", - como expressamente diz - resolveu encerrar suas actividades, a que depois voltou.

Voltemos, porém, a 1916, e ao começo do Radioamadorismo Português. .

(c) A.R.A.S.